sábado, 8 de novembro de 2008

Galvanosplastia e o tratamento de efluentes

O conteúdo está diretamente ligado ao blog e ao programa do BIOSFERA.
Essa é a matéria que classificou Fabiano Fachini para a final da Semana Estado de Jornalismo e Prêmio Banco Real de Jornalismo 2008. A matéria foi publicada no dia 29 de outubro no jornal o Estado de S. Paulo.
Confiram a matéria:
Limeira reduz a poluição em fábricas de bijuterias
Na capital nacional da bijuteria, Limeira (SP), está mais fácil reduzir a poluição gerada pelas empresas que trabalham com a galvanoplastia. O custo do sistema básico para o tratamento de efluentes, de uma pequena empresa, diminuiu aproximadamente 1200%. Os tanques utilizados no processo pós-banho das bijuterias pode ser adquirido por R$ 5 mil. “Antigamente chegava-se a pagar R$ 60 mil”, afirma o proprietário da Z e Z Folheados e um dos diretores da Associação Limeirense de Jóias (ALJ), Odair Zambon.
Preocupado com a questão ambiental e a ecoeficiência, o empresário adaptou a empresa ao “Produção Mais Limpa”. Projeto desenvolvido pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) de Limeira, em parceria com a ALJ, o Sindicato da Indústria de Joalheria, Bijuteria e Lapidação de Gemas do Estado de São Paulo (Sindijóias) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).
De acordo com o presidente do Sindijóias Limeira, Ângelo Percebon, as empresas que seguem as normas e participam do projeto, já reduziram o consumo de energia, água, matérias-primas e os gastos com tratamento de efluentes e disposição final de resíduos, obtendo ganhos econômicos e ambientais muito significativos.
Em Limeira, cidade que concentra 50% das empresas do setor de galvanoplastia do estado de São Paulo, segundo o Sindijóias, o exemplo do empresário Odair estimula empresas a saírem da clandestinidade ou as formais a integrarem o “Produção Mais Limpa”. “Se não participam pela consciência ambiental, vai ser pela redução de custos”, afirma Odair avaliando as vantagens das pequenas ações na busca da ecoeficiência.
O setor da galvanoplastia é considerado potencialmente poluidor. O lançamento dos resíduos gerados pelo processo de galvanização sem o devido tratamento acarreta prejuízos ao ecossistema e à saúde da população. De acordo com a empresa responsável pelo tratamento de esgotos da cidade, Águas de Limeira, esses resíduos ainda danificam a rede de esgoto e provocam a deterioração do solo.
A galvanoplastia, processo em que metais são revestidos por outros mais nobres para fins estéticos, gera efluentes com altas taxas de metais pesados, explica o químico Carlos Eduardo Pacheco, da CETESB. No primeiro banho, as peças passam pelo desengraxe, depois são mergulhadas em tanques de ativação ácida, cobre alcalino, níquel e por último passam pela folheação, que pode ser em ouro ou prata.
O proprietário da Z e Z Folheados, Odair Zambon, explica que o processo de limpeza dos efluentes das fábricas de galvanização é semelhante ao tratamento de uma piscina. “Enquanto na piscina retiramos os sólidos, ajustamos pH e cloro, aqui procuramos ajustar o pH e neutralizar cianetos”, diz. Os resíduos utilizados no banho das jóias vão para um tanque chamado reator, para diminuir o pH da água de acordo com o padrão federal. O segundo passo é a decantação dos metais pesados. Em um terceiro momento, solta-se a água para o esgoto e o lodo que sobra do processo é recolhido em um recipiente especial e encaminhado para uma empresa de São Paulo, que o utiliza como corante para pigmentação.
O excesso de metais pesados no meio ambiente pode afetar a biodiversidade de uma região e no ser humano causar de febre a má formação congênita. A luta ainda é para que 100% das empresas do setor regularizem sua situação e deixem de trabalhar clandestinamente. “Mas o difícil é mudar a mentalidade ambiental das pessoas”, declara Odair Zambon.

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