terça-feira, 26 de maio de 2009

SUSTENTAR: ano 2

Projeto SUSTENTAR traz iniciativas de educação e reaproveitamento de materiais

por Luis Corvini Filho e Thiago Toledo
Acontece até amanhã (27/05), em Campinas, a 2a edição do Projeto Sustentar. O evento reuniu especialistas na temática ambiental, acadêmicos e sociedade em um diálogo sobre novas formas de desenvolvimento econômico, social e ambiental, baseados em projetos de sustentabilidade.

Evento ocorreu na Casa de Campo do Hotel Royal Palm Plaza

Nesta terça-feira (26/05), segundo dia do evento, as palestras da parte da manhã abordaram temas como o destino apropriado e economicamente inteligente de resíduos nas grandes cidades e a contribuição da educação para o Desenvolvimento Sustentável.

Resídios e Co-produtos

Sabetai Calderoni, doutor em Ciências pela USP e diretor do Instituto Brasil Ambiente, apresentou valores da expressiva perda financeira acarretada pelo descarte inapropriado de resíduos por parte dos municípios brasileiros. Calderoni deu exemplo de como uma simples triagem de materiais descartados traz a uma cidade diversos benefícios, como geração de renda, redução do uso de matérias primas e criação de novos empregos. O argumento opõe-se à cotidiana prática de despejo de lixo em aterros sanitários, quase sempre carentes de infra-estrutura, devida-útil limitada e de grande impacto ambiental nas regiões.

Em seu discurso, o diretor do Instituto Brasil Ambiente abordou que um município de 200 mil habitantes pode obter uma renda de R$ 1.400.000,00/ano, somente com o aproveitamento do lixo orgânico dos resíduos domiciliares (60% do total de descartes por residência) para conversão em massa de compostagem (transformação de matéria orgânica em adubo). Aplicando a conta para uma cidade como Campinas, quase seis vezes maior, o valor chega a R$ 8.400.000,00/ano.

Debate sobre a geração de resíduos e a produção de co-produtos

Dentre outras ideias para a geração de renda por co-produtos do lixo, Calderoni citou máquinas picadoras de resíduos de poda de árvore (economia de R$ 1.200.000,00/ano) e a gaseificação (transformação em gás combustível) de materiais de difícil decomposição, mas de grande poder calorífico, como fraldas, colchões, carpetes. Nesse caso, o grande benefício é sentido na redução de material a ser conduzido para aterros sanitários.

Políticas para implementação

Sabetai defendeu a ampla vantagem das práticas da industrialização sustentável do lixo, e criticou a falta de apoio para a criação dessas áreas: “a grande dificuldade [para a implementação destas iniciativas] é política. Não há nenhum obstáculo administrativo, econômico ou de natureza gerencial”. Segundo o especialista, a implementação de locais de reciclagem e triagem é rápida e sem grandes custos, sendo feita através de parcerias público-privadas.

A Contribuição da Educação para o Desenvolvimento Sustentável

O evento também abordou o tema educação como fator importante de disseminação do desenvolvimento sustentável em nossos dias. Quem tratou do assunto foi a Coordenadora do Escritório da UNESCO em São Paulo, Profa. Dra. Vera Anselmi Melis Paolielo. Com muita simpatia e conhecimento, Vera mostrou um pouco dos trabalhos executados nos diversos setores da organização, exemplificando como os projetos são realizados na sociedade.

Segundo a coordenadora, o setor de desenvolvimento sustentável da UNESCO procura promover a gestão integrada dos recursos hídricos, na busca da revitalização de bacias hidrográficas. Exaltar a proteção, a conservação e o uso da diversidade biológica e apoiar a construção de competências em ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável também fazem parte da pauta.

Existe, dentro desse contexto, o trabalho de alfabetização ecológica, cujo mecanismo de ensino procura mais do que ensinar sobre sustentabilidade:“[A alfabetização ecológica] contribui para que a educação ambiental agregue suas dimensões à ecologia, como aquela que abraça a dimensão do ser humano”, diz Vera. A representante da UNESCO completa, ao dizer que “não podemos começar um trabalho sobre como respeitar o meio ambiente, se a gente não conhece o meio ambiente”.

Como fator fundamental para que esse conhecimento chegue às pessoas, a educação tem de estar presente desde os primeiros anos de estudo. Com isso, a criança de hoje já consegue entender a importância da consciência ambiental. “A escola tem de ensinar para o presente. O presente precisa de cabeças pensantes, de pessoas reflexivas”, diz Vera.

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