terça-feira, 22 de setembro de 2009

BIOSFERA Cinema

Filme lançado hoje tem visão pessimista sobre tragédias climáticas

por Diego Souza
O filme tem exibição hoje em 40 cidades do mundo. Em Campinas, será apresentado no Cine Topázio, às 21h.





O ano é 2055. Catástrofes naturais causadas pela mudança climática, seguidas de guerras, levaram ao colapso da civilização e à quase extinção da humanidade. Numa torre solitária, num Ártico livre de gelo, um sobrevivente reprisa vídeos do começo do século, quando as catástrofes começaram a acontecer. E se pergunta: “Por que não salvamos a nós mesmos quando tivemos a chance?” É esse o argumento de A Era da Estupidez, filme que pretende mobilizar a opinião pública para a crise do clima e para o novo acordo global contra os gases-estufa, a ser negociado em dezembro em Copenhague.

Meio ficção, meio documentário, o filme estrelado por Pete Postlewhaite (o pai de Daniel Dey-Lewis em Em Nome do Pai e o caçador de Jurassic Park) explora as consequências do chamado cenário “mesmo de sempre”, no qual as emissões de dióxido de carbono por atividades humanas continuam subindo sem parar.

Mais do que isso, no entanto, a produção da diretora britânica Franny Armstrong mostra por que esse é o futuro provável da espécie, ao contar histórias reais de pessoas comuns — cujas ações cotidianas contribuem para o problema.

Um dos personagens, por exemplo, é o milionário indiano Jeh Wadia, que aos 32 anos criou a primeira empresa aérea econômica da Índia, a Go (a aviação é uma das principais fontes de CO2). Há também o engenheiro britânico Piers Guy, que monta uma turbina eólica no quintal de casa para cortar as próprias emissões, mas não consegue montar uma pequena usina eólica em sua região por oposição dos vizinhos, ciosos de sua “paisagem”.

Do outro lado estão Fernand Pareau, o guia de montanha francês que vê o aquecimento mudar as geleiras onde cresceu, nos Alpes; a nigeriana Layefa Maleni, cuja aldeia é arruinada pela atividade da Shell no delta do Níger; e duas crianças iraquianas que se refugiam da Jordânia após terem o pai morto na invasão americana de 2003 — uma guerra por óleo.

Talvez a história mais emblemática de todas seja a de Alvin DuVernay, um morador de Nova Orleans que se recusa a evacuar a cidade durante o furacão Katrina, perde tudo o que tem e que acaba virando um herói local, resgatando uma centena de pessoas com seu barco. Depois de contar sua história, Alvin é filmado em seu local de trabalho: uma plataforma de petróleo da Shell na Louisiana, onde ele analisa amostras de fósseis marinhos para decidir onde é melhor furar... em busca de petróleo.


Libelo

O fi
lme é um libelo político e, para não arriscar diluir sua mensagem, Armstrong optou por uma produção 100% independente, financiada pela venda de cotas a pessoas físicas. “Nós queríamos independência para dizermos o que quiséssemos sobre mudança climática”, diz a produtora do longa, Lizzie Gillett. “Não queríamos ninguém chegando no final e fazendo cortes.”

O roteiro tem a tarefa difícil de emocionar um público já saturado de mensagens catastrofistas sobre o clima e exposto nos últimos anos a filmes como o ficcional-tragédia
O Dia Depois de Amanhã (2004) e o documentário Uma Verdade Inconveniente (2006). À diferença do primeiro, as tragédias climáticas mostradas são reais. À diferença do último, A Era da Estupidez não poupa empresas nem traz mensagens edificantes. O espectador sai do cinema deprimido e revoltado consigo. (Da Folhapress)

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente o blog de vocês ! Tema decisivo para o futuro da Humanidade, abordado com criatividade e bem escrito. Continuem assim. Lembro que a Marina foi alfabetizada e fez o curso primário também pelo MOBRAL. Peço que falem mais em reciclagem...Arlindo Lopes Corrêa