Eleições Verdes
por Diego Souza
Quando o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), após sair do PT, se lançou candidato ao Palácio do Planalto em 2006, muita gente o criticou com o rótulo do candidato de uma tecla só. Cristovam só falava em educação. Era educação para resolver a violência; educação para melhorar a qualidade de vida; educação para tudo. Apesar do discurso do senador ser correto, este tipo de programa não ganha eleição. A população quer educação, mas quer também uma solução rápida para os problemas do cotidiano e a educação é uma ação de longo prazo para resolver nossos problemas.
Cristovam sabia que não poderia vencer as eleições. Na verdade, os objetivos eram outros: o primeiro, era reposicionar o PDT após a morte de sua principal figura, Leonel Brizola; e o segundo, este pessoal do senador e ex-ministro da educação de Lula, era colocar a pauta da educação nas discussões eleitorais. Graças a ele, Lula e o tucano Alckmin foram obrigados a dar destaque à educação em seus programas de governo.
Com 2010 cada vez mais próximo, eis que a história se repete. Uma ex-ministra de Lula, também senadora, saiu do PT e vai se lançar à Presidência sem muitas chances de vencer a eleição e, muito provavelmente, rotulada como uma candidata de uma tecla só. Não é novidade que estou falando da senadora Marina Silva (PV-AC) e a tecla da vez é feita de material reciclado.
A repercussão já começou e o presidente Lula, que de burro não tem nada, já está armando sua candidata, a ministra Dilma Roussef, para apresentar um plano sustentável. Isto é para que o tema não seja abordado somente por Marina, e assim, boa parte do eleitorado preocupado com isso, fuja das mãos de Dilma. Trata-se do Pac Ambiental, pedido às pressas pelo presidente. E o candidato tucano, seja ele Serra ou Aécio, também terá que fazer o mesmo.
Não descarto as chances de Marina, mas elas são mínimas. Apesar de a senadora já aparecer com até 11% das intenções de voto, dependendo do cenário, na última pesquisa CNT/Sensus. O melhor desempenho de Marina, em relação à Cristovam, se deve ao fato dela ser mais conhecida, ser uma figura respeitada internacionalmente e ter uma biografia de luta conhecida: passou fome, foi seringueira, se formou em história e militou ao lado de Chico Mendes (sendo resumido e sem a riqueza necessária para contar a história de Marina). Mas a fraqueza do partido contribui em muito para prejudicar o desempenho da senadora.
O PV brasileiro não é um partido muito respeitado. Assim como a maioria de nossos partidos, tem membros que – bom, melhor não comentar – como Zeca Sarney, e boas figuras, como o deputado fluminense Fernando Gabeira. E o PV quer, com a entrada de Marina, uma chance para um reposicionamento da legenda em um momento em que todo o mundo fala de sustentabilidade e o partido não conseguia aparecer.
Mas no fundo, isto pouco importa. O que Marina pensou ao topar a proposta do PV já foi alcançado. Em 2010, a sustentabilidade estará mais presente do que nunca nos debates e, com o simples debate sobre o tema, o Brasil já ganha. Imagine com ações.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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2 comentários:
Perfeita a sua análise do cenário político atual para as eleições do ano que vem.
Parabéns pelo post Diego. Abraços.
política...
lá vem novidades por aí,,, muita disputa pessoal e política.
Espero que na hora do debate político, os futuros candidatos tenham mais que palavras em pról do meio ambiente e da sustentabilidade, ou seja, tenham iniciativas concretas.
abs
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