Por Diego de Souza
Beleza, tudo mundo fica revoltadinho porque o cara lá derruba a floresta, vende a madeira e planta soja ou cria gado no lugar. Quando saí uma reportagem denunciando, todo mundo pede cadeia, acha um absurdo. Mas uma questão sempre fica no ar: Quem consome a madeira tirada de maneira ilegal? E a soja? A carne e o couro?
O trigo tem que querer se separar do joio
Beleza, tudo mundo fica revoltadinho porque o cara lá derruba a floresta, vende a madeira e planta soja ou cria gado no lugar. Quando saí uma reportagem denunciando, todo mundo pede cadeia, acha um absurdo. Mas uma questão sempre fica no ar: Quem consome a madeira tirada de maneira ilegal? E a soja? A carne e o couro?
Ou os cinco leitores do blog sabem realmente a origem do couro da carteira e do óleo de soja da batatinha frita?
Há um bom tempo que a pressão do consumidor ganha destaque e nos leva a uma maneira eficiente de combater o desmatamento. E o assunto ganhou corpo quando o Greenpeace divulgou um relatório intitulado “A farra do boi na Amazônia”. Nele, são listadas empresas que em suas cadeiras fornecedoras contribuem de forma direta para o desmatamento da Amazônia. Grandes frigoríficos como JBS Friboi, Marfrig e Bertin são citados e, por consequência, os clientes destes frigoríficos, como grandes cadeias de supermercados como Walt-Mart e Carrefour e marcas famosas como Adidas, Nike e Gucci.
A resposta foi rápida, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) anunciou um boicote à carne paraense. O grupo Pão de Açúcar foi mais longe e vai aumentar o rigor com a origem da carne que é vendida nas lojas da rede. A carne proveniente de região de desmatamento não será comprada. O rastreamento é fácil, feito pelo brinco que o boi usa . A Adidas já anunciou a mesma medida.
Mas talvez a medida mais interessante tenha sido a do IFC, braço financeiro à iniciativa privada do Banco Mundial, que cancelou um contrato com o Bertin. O frigorífico não vai receber US$ 30 milhões que tinha direito, além de ter que devolver os US$ 60 milhões já liberados. Ah, se fosse melhor divulgado os grandes financiamentos do Bradesco (o “Banco do Planeta”) e do Banco do Brasil naquela região.
O trigo tem que querer se separar do joio
Claro que os produtores, tão protegidos pela bancada ruralista do congresso (em especial a senadora Kátia Abreu, do DEM-TO) e pelo ministro Reinhold Stephanes, da Agricultura, espernearam. A entidade que representa os exportadores de carne, Abiec, ameaçou processar o Greenpeace. Segundo eles, o relatório não separa o joio do trigo. Alegam que existe gado criado com rastreabilidade e tecnologia e que esses "bons produtores" serão prejudicados.
O argumento pode parecer válido, mas contém pontos fracos. Um setor que tão rapidamente se adaptou a normas sanitárias para não perder o mercado internacional parece não ter a mesma competência (ou será vontade?) de investir em certificações ambientais.
Os produtores de cana-de-açúcar e soja já estão correndo atrás disso (os japoneses e europeus pegaram no pé deles). Os supermercados e as grifes também trataram de se livrar da bronca.
Como vocês cinco podem ver, a consciência ecológica pode ser despertada mais facilmente quando o bolso sente.
Um comentário:
boa diego.
Interessante conhecer sua opinião, bem critica aliás. Mas é isso mesmo: precisamos aprender a pensar não no problema, mas em quem causa o problema. Nessa questão, se os consumidores exigissem celos de qualidade e boa procedencia, com certeza ele não teriam onde vender e não produziriam. Mais uma vez, o exemplo do jeitinho brasileiro.
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